Existe uma determinada “zona de
profundidade”, que segue em rota contrária a essa engrenagem de hipnose, que
nos programa para um enfoque essencialmente exterior; de modo que só quando
conseguimos superar as divisões interiores, provenientes desse processo,
podemos travar um diálogo no presente com a consciência pura, reunificando as
diversidades.
“O Amor não se divide. O Amor nos leva
a Deus” – Escrevi esta frase há muitos anos atrás; e tenho plena consciência do
que ela representa na minha essência.
Para ilustrar essa tese da programação
/ divisão mental que ocorre externamente,
exemplifico citando algumas situações
subliminares que ocorrem na dinâmica do mercado de trabalho e em
extensão na própria dinâmica da vida social:
- O “chefe” cobra a dedicação extrema
do “subordinado”, provocando muitas vezes uma “tensão” injustificada e
desnecessária, para em seguida, pedir calma...; ou,
- A “chefia” pede urgência para alguma
atividade considerada inadiável para aquele dia, e, surpreendentemente no dia
seguinte, quando porventura não conseguimos realizar a tarefa solicitada por
absoluta impossibilidade, percebemos que “outras prioridades” se sobrepõem
aquela que era considerada inadiável...
Ou seja, por vezes uma absoluta
incoerência sobre prioridades e uma excessiva pressão sobre resultados – tudo
de “brincadeirinha”...
Quando trabalhei em serviços
burocráticos, usei certa vez uma frase que pode até soar como chocante; porém,
que tem uma resposta essencial a esta pressão, quando pressionado dizia:- O meu chefe é a minha consciência!!!
O que manifestei com essa frase não
representa desleixo ou falta de empenho; pois uma das maiores virtudes do meu
desempenho profissional era exatamente a eficiência naquilo que me propunha a
fazer.
As situações acima se repetem ao longo
de nossa vida social, onde somos violentamente condicionados a lutar pela
sobrevivência, numa selva de pedra, marcada por toda sorte de injustiças e
desigualdades, assistindo invariavelmente ao
desrespeito aos nossos direitos mais básicos, como por exemplo, o das garantias
individuais proclamadas em nossa Constituição; e ainda assim sermos compelidos
a ter tranqüilidade e cidadania – zelando pela Paz Social proclamada pelos
politiqueiros de plantão..
Volto a pontuar que não deve existir
uma única resposta. No entanto, acredito que todo impulso que demanda de uma
ação equilibrada representa a melhor motivação para o melhor resultado.
Essa ação equilibrada depende de um
conjunto de valores que estabelecemos do lado interior e não de uma certa
“padronização exterior e teatral”.
Também vale a pena frisar que acredito
que toda essa estrutura de alienação se sustenta exatamente por essa dinâmica
apressada imposta no movimento social organizado, desde Assembléias de
Sindicato, Condomínio, até sessões de Câmaras Legislativas. Amparados por uma
estrutura que me parece caótica – excesso de “formalidades regimentais” (atas,
etc.) => muita palavra e pouco compromisso com orientação para um ação
efetiva => Tudo é resolvido num clima muito tenso, muito rápido (ou devagar,
conforme a conveniência politiqueira) – isso deve ser bom para aquele que se
esconde por trás dessa estrutura, utilizando-a para realçar um falso poder,
justamente configurando a personagem do “chefe” da maneira como enfatizei.
Claudio Pierre
(Extraído do Registro => Diálogos Consciência / Discursos de um Plebeu).
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