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domingo, 4 de agosto de 2013

DIÁLOGOS CONSCIÊNCIA

Sim; o sistema globalizado, os governos, os governantes, a sociedade, agonizam. Porém, não podem “contaminar” algo que tem raiz na simplicidade original, na essência que está contida em cada consciência.

Essa essência subjetiva brota do movimento natural, que requer muito esforço, contínuo aprimoramento, e que fundamentalmente, percebe essa nossa Condição Humana, como frágil. Que encerra a compreensão de que fazemos parte de um Ciclo; estando naturalmente sujeitos ao movimento de que não podemos “ganhar sempre”, indicando que precisamos entender que as perdas fazem parte do movimento da vida onde nas dificuldades formamos nosso caráter. 

Não tenho a ilusão de crer que vibrações semelhantes as minhas tenham o poder de modificar humanamente o mundo. Considero por minha formação simpática ao Taoísmo, que esse tipo de evolução não existe nesse ciclo.

Ceio que seja, sobretudo uma questão de escolha – quanto maior a ilusão do Poder que desnivela e conduz a competição e a idéia de não perder; menor a consciência sobre a humanidade contida em nosso interior.

Quanto mais nos deixemos “programar” e “hipnotizar” pelo frenético movimento de uma comunicação essencialmente voltada para o apelo do ter sobre o ser, tudo o mais repetirá uma tendência de um mercado de compra e venda.

- Quem quer dinheiro?!? Sob esse slogan se construiu um Império.

Essa é a “lógica” que nos tem programado no nível de massa a crer que existe apenas um modelo, a ponto de popularmente serem corriqueiras expressões como:

- “Amigo é dinheiro no bolso!!!
- “Sou profissional, trabalho aonde pagam mais...”.

Ou seja, quem não está dentro dessa programação está fora – à margem do “Social”.

E a sensibilidade???
Como encontrar nas atividades cotidianas esse precioso espaço subjetivo e imprescindível para o exercício da humanidade, se grande parte das consciências têm sido anestesiadas pela pressão do competir sempre para ter que girar essa Roda / Sânsara...

A nossa mente se sobrecarrega além da conta, e passa a exercer total supremacia sobre o nosso Ser e o nosso Sentir; de forma que o movimento das massas é toda premeditação, na lógica: - O que ganharei em troca?!!

Como artista, venho observando esse diferencial, até entre os próprios artistas (que também são seres)...

O espaço da sensibilidade está sendo contaminado pela mera lógica do mercado, do relógio, da pressa do dia a dia.

Existem dois conceitos que deveriam representar a mesma coisa – Ação e Atividade; porém, cada vez mais estão expressando essa enorme distância entre a sensibilidade e a sua ausência.

ð Atividade – passa a ser a grande válvula de escape, que a nossa mente perspicaz utiliza para que “maquiemos” nossa alienação sub humana, criando com isso a ilusão de uma pretensa Humanidade. Socialmente, precisamos de uma frenética atividade, caracterizada pelas inúmeras “ocupações diárias”, que levam a extrema competitividade, que geram os apelos ao consumo desenfreado...
      Criamos assim a expressão => “O tempo voa”- dessa forma, sem perceber estamos “atrofiando” nossa capacidade subjetiva de frear e desacelerar a programação de um Relógio Humano, imposta pela nossa própria mente - que não corresponde exatamente a realidade plena; e adentrar na consciência do Tempo real que simplesmente passa... 

ð Ação é sutil, seria uma atividade que “brota” do interior (do sentimento) – requer para isso um espaço interior subjetivo que não está condicionado ao comando “exclusivo da mente”.
A ação surge da interação entre o Ser, Sentir e o Pensar – decididamente, ela não poder ser “programada”/”imposta” de “fora” para “dentro”. Sua sede é o coração e o sentimento em harmonia com a razão.
Por isso ela não é “mecânica”, “Social”, “convencional”.

Ao que parece – conceitos e palavras – tem o incrível poder de hipnotizar consciências que se deixam “programar” – esse é o efeito sobre as massas.

A partir daí, se estabelecem critérios sobre o que seria ou não realidade.

Assim, para exemplificar alguns aspectos, na hipnose coletiva das massas, existe um determinado conceito que está diretamente ligado à base daquilo que considero uma das principais habilidades do Ser Humano que seria buscar a realidade do  sonho possível, que sofre com a “programação” que incute a oposição entre: Esse conceito proclama Trabalho x Ideal – levando ao entendimento de que todo o processo que leve ao ideal, nem sempre isento de luta, representa uma ilusão; e que a realidade determina o caminho mais curto – exercer uma atividade ao longo de toda uma vida em troca de dinheiro, muitas vezes sem nenhum laço emocional com essa atividade – comparado à prostituição. 

Ou seja, quem entra nesse circuito, corre o risco de ficar aprisionado nesta cadeia exercendo parcialmente seu potencial criativo, pois o seu Ideal de vida não encontrará espaço nessa “realidade”, que o levará sempre a essa racionalização => trabalho x prazer.

Mesmo aquele que consegue êxito em sua busca pelo ideal, corre o risco de que em nome da tal “independência financeira” – venha a trilhar situações de vida que nada acrescentem ao seu movimento integral e subjetivo de Humanidade; ou seja, na ótica exclusiva do conceito e da palavra ele fará qualquer coisa com o objetivo de ganhar mais dinheiro – viverá em função disso. 

 A essência do problema não está ligada como se poderia supor ao dinheiro.
O dinheiro passa a ser somente uma manifestação de uma “válvula de escape” para por meio de um apelo contumaz de um ímpeto frenético de compra e venda compensar o nosso descontrole em frear, desacelerar a programação acelerada que herdamos de uma sociedade automatizada e globalizada, que conclama para uma única direção.

Existe, portanto, certa relação com o Poder, no sentido de competição, de levar vantagem sobre “o outro”; que no fundo revela justamente um desencontro com nossa essência interior.


Em suma, falta o devido diálogo com a consciência pura que habita em nosso interior, e que absolutamente não está relacionada com um padrão de linguagem que possa ser “manipulado” exclusivamente pela mente, com suas racionalizações e artimanhas “socialmente lógicas” do Ter sobre o Ser. 

                          Claudio Pierre

(Do Registro Diálogos Consciência / Discursos de um Plebeu)

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