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quarta-feira, 19 de junho de 2013

DIÁLOGOS / CONSCIÊNCIA II



Para que a Sociedade assim como esta estruturada hoje, reconhecesse esse tipo de dimensão de consciência, seria preciso uma desaceleração / desprogramação da engrenagem baseada em ficções => Poder, Ter, Aparências...

É fácil constatar que o maior conflito nas grandes cidades; seja justamente o modelo imposto pelo Relógio HuHuHumano – pressa, tensões, competição, etc. ou seja, um desperdício brutal de Energia.

Chico Buarque, um dos grandes compositores de música popular caracteriza com clareza esse “labirinto das horas” em um tema composto por ele intitulado “Roda Viva”.

Uma das maneiras de se desfazer dessa hipnose é sobrepor ao “labirinto das horas” o “labirinto do tempo” em um processo inicial, porém, é necessária uma etapa fundamental: - ter consciência e acreditar nessa possibilidade.

Por isso, não podemos cobrar de alguém, uma crença e consciência que determinada pessoa não tenha; bem como:

Essa engrenagem fundamentada pelo Poder, não pode “compreender a proposição de Humanidade...”.

Vendo de forma mais profunda =>
Se o Ser não reconhecer sua essência, buscando harmonia possível com suas diferenças – integrando suas dualidades não poderá compreender e exercer sua função Ser Humano em conexão com o Natural.

Da mesma forma que descrevi em discursos de um plebeu que: “O povo e o governante, traçam linhas paralelas que jamais se encontrarão”; da mesma forma percebo que a Sociedade (da forma como está estruturada), e a Essência Interior, também descrevem esse mesmo paralelismo.

Toda a minha obra artística é regida por essas idéias, e hoje percebo que as dificuldades que venho encontrando e certamente continuarei encontrando no sentido de compreensão do público, se concentram nessa “aparente” contradição.

Eu não sou um ser “Social” – prefiro ser um Artista descompromissado com uma forma pré-estabelecida; com “esquemas de sucesso. Penso que a Arte deve refletir algo interno e criativo, e não pode ser objeto de” premeditação mental ““.

Sendo assim, e certamente não sou e não serei o único – apresento uma obra que só pode ser apreciada por alguém que se disponha a ouvir com calma e pureza; que tenha a qualidade de discernimento, pureza de espírito; ou seja, requisitos que são totalmente contrários a Roda Viva que predomina socialmente.

Sob essa condição fundamental, de forma alguma estou querendo sugerir que a minha obra seja considerada a melhor ou a pior... As questões que envolvem a Arte e a consciência pura são bem mais profundas do que “racionalizações da mente”.

A essência é buscar transmitir com inocência, “algo” precioso que possa ser compartilhado; tendo a humildade de respeitar quando essa aspiração não tenha a devida correspondência.

No entanto o que vem ocorrendo, cada vez em maior escala, é que algo tão precioso e importante como a Arte, venha sendo cada vez mais intermediado por Empresas, que movidas basicamente pela idéia de lucro, fecham os espaços para manifestações que tenham sua base no resgate da diversidade da expressão artística em seu sentido mais nobre. Por outro lado grande parcela da sociedade também não está voltada e interessada por esse tipo de sensibilização, pois o principal estímulo se fundamenta sob a conjugação do verbo Ter e pela luta pela sobrevivência.

Penso que a Arte nessa direção, sempre será marginalizada e incompreendida na proporção direta em que os valores sociais predominantes se baseiem no modelo do Ter sobre o Ser.

Tenho estado perplexo, pela quantidade de pessoas que não conseguem abrir um mínimo espaço em suas vidas para simplesmente - ouvir ou ler com atenção profundidade e sentimento, seja uma música ou uma mensagem de humanidade.
=> É a tal pressa  =”O Tempo Voa!”                  

  Nesse sentido, qualquer manifestação é considerada como “mera” atividade – seja um evento social, um passeio, uma atividade artística...

Na outra ponta contribuindo com esse estado de coisas que privilegia a velocidade, considerada pela globalização como “modernidade”esta um modelo de Tecnologia que não respeita ética, cria a todo segundo uma série de dispositivos de comunicação: blogs, sites de relacionamento etc...

Enquanto isso o usuário comum que literalmente “corre” para acompanhar essa “tecnologia”, se considera conhecedor da tecnologia desse mundo moderno, do qual, diga-se de passagem, geralmente ele só tem o trabalho de movimentar seus dedos – sob essa hipnose coletiva privilegia-se a velocidade da informação, como se não houvesse um imenso vácuo entre ela e o efetivo conhecimento, que antes de tudo requer de nossa condição humana – serenidade e paciência.

Ouvir Mozart, ou qualquer outro grande compositor; apreciar uma obra de Arte; compartilhar amizade no Presente olho no olho, viva voz e presença; ouvir, dizer e sentir com harmonia...

Típicas atividades que exigem a devida imersão e conexão presente, e que são únicas, cada qual em sua dimensão – não podem ser mera Ação, ou seja, qualquer coisa serve...

 *Não sou contra a tecnologia, mas o que sinto é que acima de qualquer processo existe um lado humano – emoções e sentimentos em harmonia - que tem que ser priorizado; e que não pode se limitar a “oscilações” de mercado de compra e venda..      

                                             Claudio Pierre 

(Texto do Registro Discursos de um Plebeu / Diálogos/Consciência).

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