ACADEMIAS
Entrar para uma
Academia de Letras tem algo de hipocrisia, pois o cara é logo obrigado a
pronunciar, no discurso de recepção, o “elogio” de seu antecessor.
E o pior é quando ele
é honesto e sente-se na obrigação de ler de fio a pavio as obras completas do
falecido.
Além disso, o
acadêmico comete um meio-suicídio, dedicando metade da vida a solenidades e
rapapés, quando poderia empregá-la toda no silêncio e no recolhimento da
criação literária.
Mário Quintana – Porta Giratória (1988)
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POEMA
PARA UMA EXPOSIÇÃO
O quadro na parede abre uma
janela
que dá para o outro mundo
deste mundo...
Um mundo isento de rumores
e de mil flutuações atmosféricas
- alheio a toda humana contingência...
Onde um momento é sempre
e o mal e o bem não têm nenhum sentido...
Mário Quintana – A Cor do Invisível (1989)
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