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sexta-feira, 6 de março de 2015

A PERSONALIDADE DO POETA MÁRIO QUINTANA 1988 e 1989...


ACADEMIAS

               Entrar para uma Academia de Letras tem algo de hipocrisia, pois o cara é logo obrigado a pronunciar, no discurso de recepção, o “elogio” de seu antecessor.
               E o pior é quando ele é honesto e sente-se na obrigação de ler de fio a pavio as obras completas do falecido.
               Além disso, o acadêmico comete um meio-suicídio, dedicando metade da vida a solenidades e rapapés, quando poderia empregá-la toda no silêncio e no recolhimento da criação literária.        
               Mário Quintana – Porta Giratória (1988)

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POEMA PARA UMA EXPOSIÇÃO

O quadro na parede abre uma janela
que dá para o outro mundo
deste mundo...

Um mundo isento de rumores
e de mil flutuações atmosféricas
- alheio a toda humana contingência...

Onde um momento é sempre
e o mal e o bem não têm nenhum sentido...

          
               Mário Quintana – A Cor do Invisível (1989)

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